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Civic híbrido tem desempenho esportivo e bebe pouco, pena que custe caro
Importado da Tailândia, sedã chega com visual totalmente renovado e muita tecnologia à bordo
Fabricado no Brasil até o final de 2021, o Civic fez história e conquistou uma legião de fãs apaixonados. Mas, se você já teve ou dirigiu um Civic nacional nem imagina as transformações que o sedã passou nos últimos dois anos em que esteve fora do nosso mercado...
De volta ao Brasil desde janeiro, o sedã médio da Honda agora vem importado da Tailândia. Essa nova geração de um salto em tecnologia, design e acabamento. Dá para afirmar, sem medo de exagerar, que essas mudanças elevam o Civic a um patamar habitado por modelos premium alemães da Mercedes, BMW e Audi.
Design atraente e polêmico
A primeira impressão é que o carro ficou maior e mais moderno, mas alguns detalhes roubam um pouco desse encanto, como o bico formado pela grade dianteira, que vista de perfil, lembram um peixe baiacu dentuço...Ironias à parte, depois de um tempo convivendo com o carro a gente se acostuma com essa cara esquisita e acaba até achando o detalhe legalzinho.
A carroceria, que cresceu 4 cm em relação à geração anterior e outros 3 cm no entre eixos, passa a sensação de um sedã bem maior. Quando se observa a lateral e parte da traseira do Civic o desenho lembra muito ao da nova geração da BMW série 3.
Agora, o encanto vem quando a gente entra no carro. O design, num misto de retrô com futurista, faz a gente parar para admirar o capricho e as ideias geniais do pessoal que projetou o Civic. As saídas do sistema de ventilação estão ocultas numa linda grade em formato de colmeia que atravessa o painel de ponta a ponta. Os comandos para direcionar o fluxo de ar lembram os antigos joysticks.
O melhor é que todo o interior é harmonioso, com o painel em duas cores, as laterais das portas e os comandos dos vidros elétricos, mostrando que o design foi pensado calmamente, sem ceder aos modismos, comuns nessa indústria.
A nova geração ficou 164 quilos mais pesada que a anterior, mas é compensada pelo conjunto de força mais forte. E olha, ao contrário do que se possa imaginar, a culpa não é da bateria, que pesa apenas 36 quilos. Esse peso extra vem do conjunto híbrido e do motor 2.0, maior que o antigo 1.5 que equipava o Civic nacional.
Um senhor híbrido!
O sistema de propulsão híbrido e:HEV diferencia o novo Civic dos demais modelos disponíveis no mercado. O conjunto elétrico não atua apenas na hora de tirar o carro da inércia. Ele deixa de ser apenas um coadjuvante para atuar em vários momentos, como rodando numa estrada a 120 km/h.
O Civic híbrido conta com um motor elétrico de alta potência, que produz 184 cv e 32,1 kgfm de torque, que trabalha em conjunto com o motor a gasolina de 2,0 litros de 143 cv de potência, alimentado por injeção direta. Aliás, essa é uma das grandes novidades em relação ao irmão maior o Accord Híbrido. Um segundo motor elétrico cumpre função de gerador de energia para a IPU – Intelligent Power Unit, o compacto conjunto de baterias de íons de lítio posicionado sob o assento do banco traseiro.
Na prática, o sistema e:HEV entrega acelerações típicas de modelos esportivos, chegando a surpreender com um zero a 100 km/h abaixo dos 7 segundos! Se o desempenho é de esportivo, o consumo é fazer inveja a qualquer subcompacto. De acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem, o consumo é de 18,3 km/l na cidade e 15,9 km/l na estrada. Porém, rodando na rodovia dos Bandeirantes, usando o piloto automático auto adaptativo, chegamos a marcar até 30 km/l sem muito esforço...
O novo motor 2.0 litros de ciclo Atkinson conta com um sofisticado sistema de injeção direta de combustível, responsável por fazer o combustível chegar em altíssimas pressões em múltiplos pulsos direto na câmara de combustão. Esse processo, conhecido como “multistage injection” é o responsável pelo ganho de eficiência. A alta taxa de compressão, de 13,9:1, eleva o motor a combustão do Civic Híbrido à condição de referência global em eficiência térmica, na ordem de 41% - número muito melhor do que a média dos motores a combustão interna a gasolina (30% de eficiência).
O sistema e:HEV tem três modos de condução - EV Drive, 100% elétrico; Hybrid Drive, elétrico e combustão; e Engine Drive, somente combustão - que se alternam automaticamente em função de fatores como topografia, demanda de acelerador, nível de energia nas baterias, etc. Na grande maioria das situações, o Civic Híbrido é tracionado pelo motor elétrico (EV Drive). O Hybrid Drive é ativado nos momentos de maior pressão sobre o acelerador. Em ambas as situações, o motor a combustão é ativado para girar o motor gerador, suprindo a maior demanda de energia elétrica. A gestão da energia, feita pela PCU (Power Control Unit), gerencia a alta voltagem gerada pela bateria de íons de lítio da IPU.
Por fim, o Engine Drive, modo em que a tração é feita prioritariamente pelo motor a combustão. Na prática, o Engine Drive é ativado em situações de velocidades mais elevadas e constantes, ou seja, exatamente a condição em que motores a combustão trabalham em sua zona de máxima eficiência térmica. Quando o motorista demanda a máxima potência, diferente de outros híbridos, o e:HEV trabalha no modo Hybrid, com o motor a combustão podendo tracionar, mas trabalhando majoritariamente em conjunto com o gerador para produzir eletricidade para o motor elétrico tracionar também. A capacidade de alternar a tração do carro entre os motores térmico e elétrico, de modo que ambos trabalhem de maneira mais eficiente, é o grande diferencial do e:HEV, sistema híbrido exclusivo e de alta eficiência da Honda.
ACC dá um show
Como se não bastasse o pacotaço de tecnologia debaixo do capô, é na hora de dirigir que o Civic deixa muito carrão de luxo no chinelo. O sistema de condução semiautônomo é de deixar qualquer apaixonado por tecnologia babando.
O ACC - Controle de cruzeiro adaptativo ajuda o motorista como se contasse com uma mola imaginária... O sistema não deixa o carro colar no que vai à frente e mantém a distância que você determinar o tempo todo, mesmo se o outro carro reduza bruscamente a velocidade ou até pare de repente! Para deixar a viagem mais segura e preguiçosa, ao seu comando, e após os 70 km/h, o carro assume o controle do volante, fazendo as curvas e mantendo o carro precisamente no meio da faixa. Ah, e não pense em tirar as mãos do volante, porque o carro logo manda um aviso para que você as mantenha na direção.
Como se não bastasse, com o ACC acionado no trânsito, o carro para e anda sem que você precise pisar no acelerador ou no freio. Uma mordomia inimaginável para quem sofre com o anda e para nas cidades grandes.
There ain't no such thing as free lunch
A frase popular nos Estados Unidos, que traduzida ao pé da letra quer dizer não existe almoço grátis, infelizmente é mais do que verdadeira quando a gente fala do novo Civic híbrido. O sedã ficou tão refinado – e caro – que a lendária briga com o Toyota Corolla acabou deixada de lado, com o Civic agora disputando mercado com os queridinhos SUVs, e não mais o de sedãs.
Custando R$ 265.900, na minha opinião, pelo que o sedã entrega em tecnologia, economia, desempenho exclusividade e conforto vale cada centavo investido.
©Joaquim Rimoli | AutoMotori